Divido alguns trechos aqui, e agradeço imensamente pelas palavras de cada um de vocês como filha do Wolfi é incrivel reler e realmente saber que ele fez muito pelo voo a vela Brasileiro. Um viva pro WOLFI!!!!
=======================================================================
Wolfi, por quem o conheceu bem
O Wolfi foi amigo de infância e, por culpa minha, ficamos afastados por décadas. Por razões basicamente profissionais eu estive fora do voo a vela por cerca de 25 anos.
Wolfi, por quem o conheceu bem
O Wolfi foi amigo de infância e, por culpa minha, ficamos afastados por décadas. Por razões basicamente profissionais eu estive fora do voo a vela por cerca de 25 anos.
| Wolfi + Mario Lara + Jorge Neumann |
Quando finalmente retornei há pouco mais de 10 anos, o Wolfi e Palmeira imediatamente ressurgiram na minha vida. Eu nunca havia feito um mísero voo fora do cone e o procurei com o “ambicioso” plano de fazer os 50 km. A recepção que tive foi como se nosso último contato tivesse ocorrido no dia anterior. Fui colocado c ompletamente em casa em Palmeira, o clube todo dando suporte a esta minha missão. Minha primeiríssima navegação resultou em um voo de 80 km, um bem estar com a sensação de missão cumprida, e as pilhas carregadíssimas pelo Wolfi para tentar outras metas.
Quando pouco tempo depois completei os 300 km pré-fixados com o L4 (KW1), no pré nacional de 2003, ele estava na beira da pista me aguardando e ainda antes de eu abrir a capota estava perguntando se eu havia conseguido. Quando disse que sim ele quase saltou para dentro do planador para me abraçar, com uma alegria quase maior do que a minha própria.
Por impulso dele fiz muito mais do que podia imaginar pudesse um dia fazer no voo a vela. Voos memoráveis pelo bem, como os 300 km ou um outro voo de 280 km com média de 83 km/h também com o L4, ou pelo mal, como o voo onde foi detectado o problema dos ailerons dos KW1.
Na manhã seguinte, quando cheguei ao clube, com o L3 ainda na carreta , encontrei ele, o Dal Magro e o Junqueira examinando as asas. A preocupação dele em encontrar o defeito e esclarecer o que havia ocorrido era enorme. O Dal Magro deu a dica ao observar dois vincos na madeira da asa e do aileron. A partir disto, com o planador remontado e eu no cockpit, ele reproduziu o defeito e provou o erro de construção.
Seu empenho em resolver o problema preveniu novos acidentes e transformou o KW1 em um planador mais seguro.
Na manhã seguinte, quando cheguei ao clube, com o L3 ainda na carreta , encontrei ele, o Dal Magro e o Junqueira examinando as asas. A preocupação dele em encontrar o defeito e esclarecer o que havia ocorrido era enorme. O Dal Magro deu a dica ao observar dois vincos na madeira da asa e do aileron. A partir disto, com o planador remontado e eu no cockpit, ele reproduziu o defeito e provou o erro de construção.
Seu empenho em resolver o problema preveniu novos acidentes e transformou o KW1 em um planador mais seguro.
Por Jorge Neumann
========================================================================
========================================================================
O caminho LEM-SP é longo e como eu o fiz sozinho, tive tempo de sobra para pensar nos amigos, em especial no Wolfi, ainda mais depois que encontrei um tratorista em um posto em Cristalina, cujo tio rebocava em Palmeira e, claro, todos conheciam e admiravam o Wolfi.
![]() |
| Wolfi Gabler - Discus B3 |
E me lembrei do pré-nacional em Palmeira das Missões possivelmente em 2003? Dia muito esquisito, as decolagens foram sendo adiadas, e a faixa abriu ainda no solo. O Wolfi decolou e foi para o chão. Eu dei um pouco mais de sorte, pendurei, e me mandei mesmo baixo enquanto ainda havia um pouco de esperança, pois a coisa estava começando a ficar realmente feia em cima de Palmeira: começava a chover. Peguei a primeira térmica depois da largada ainda perto de Palmeira (confesso que dado a situação, eu não estava muito seletivo naquela hora), dei uma última olhada para trás e vi uma cena que até hoje me recordo claramente: o Discus decolando debaixo de água. O Wolfi fez o reboque na chuva, desligou a 600mts, deu a largada na sequência e usou cada ponto de planeio do Discus para, em planeio final, chegar na primeira esperança de sol que havia, a uns 15km fora de Palmeira, atravessando a área sombreada e chuvosa. Chegou no sol pouco acima de 100mts, conseguiu pegar algo, e estava de novo pronto para o combate.
E me lembrei dos vários recordes de distância e velocidade do Wolfi, com o primeiro vôo de 650km feito no Brasil com um 15-metros em 2004, simplesmente me mostrando que sim, isso era possível. E anotem aí: o Record do Wolfi de velocidade em triangulo FAI de 100km a 151km/h vai durar por DÉCADAS.
E me lembrei de outro pré-nacional em Palmeira das Missões, agora em 2006, onde eu estava com o YY. Em um dia muito ruim, tínhamos uma atmosfera completamente morta em um raio considerável sobre Palmeira. Adia a decolagem, tempo vai, tempo vem, e ficou claro que do jeito que a coisa ia, não ia ter decolagem possível. A famosa “janela Gabler” naquele dia estava um pouco descolada de cima de Palmeira… Aí o Wolfi vem com uma idéia estranha mas que se provou genial: o rebocador iria nos levar direto para o prolongamento da cabeceira 06, onde, a mais de 10km fora, luziam algumas nuvens esperançosas. Sim, isso era um reboque para fora do cone de segurança, mas fomos na onda do Wolfi e não é que acabou dando certo? O Wolfi foi o primeiro, e quando foi a minha vez já encontrei de cara o Marinho me balizando uma térmica, e foi até mais fácil do que muito reboque no cone. Resultado, todos os 8 planadores completaram a prova, com o Wolfi fazendo mais um daqueles vôos que em geral ele tirava do chapéu durante campeonatos, pegando uma linha de chuvas e registrando mais de 100km/h de média.
E me lembrei do nacional em Bebedouro 2001. Depois de uma prova difícil mas muito boa, estávamos em cima de Bebedouro eu, o Batata com o Jantar 3 “JO”, e o Junqueira com o Discus. Ainda tínhamos que ir para um último bate e volta em Barretos, os últimos suspiros térmicos tinham meio que se exaurido, era o fim do dia e ficamos girando uma coisinha ruim mas honesta, para poder fazer o bate e volta no cone. Eu me lembro de ficar girando vendo toda hora o “JO” na minha cara e achei que fosse um sinal divino “Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era JÓ; e era este homem íntegro, reto e temente a Deus e desviava-se do mal” – ou algo que entendi como “desviava-se das descendentes e me mostrava o caminho das térmicas de +3m/s”. Num dado momento a coisa acabou, e fomos cutucar a área mesmo sem altura. O Junqueira optou por ir a esquerda de Barretos, em uma área meio sombreada, o Batata também foi, e eu achei que a direita, sobre uns cafezais, ia dar mais certo, e nos separamos. Junqueira e Batata foram se sustentando, cutucaram a área e fecharam a prova com maestria, tendo o meu vôo um desfecho bem diferente. Depois da prova eu perguntei ao Batata “Qual insight vc teve, qual o baseamento técnico, o que fez vc ir pela esquerda, que afinal era o caminho certo?” E a resposta do mestre Batata foi algo como “Que insight que nada. Vc ainda não aprendeu que quando o tempo mela, a regra é: siga o Junqueira? Eu nem pensei, apenas segui o Junqueira!!!”. Vivendo e aprendendo, eu tinha ido pela direita, saí do cone em uma zona morta, e lá perto de Barretos, me encontro com o Wolfi, com o mesmo problema que eu: a terra prometida estava além do nosso alcance. E lá ficamos, se eu não me engano, mais de 20 minutos girando um zerinho, jogando a prova fora minuto a minuto, um olhando na cara do outro, tentando se ajudar, compartilhando cada sucesso ou fracasso nas inúmeras tentativas de re-centrar e tentar melhorar aquele zerinho. Bem, o Wolfi era conhecido como um bom subidor de térmicas, então eu estava em boa companhia. Acho que se pedirmos para os pilotos descreverem as qualidades do Wolfi, uma que aparecerá com certeza em uníssono seria a capacidade acima da média de subir bem em térmicas. Bem, acabamos conseguindo subir, voltamos para Bebedouro, e no solo, depois de entregar o logger com o medíocre vôo, um olhou para a cara do outro e demos uma boa risada do infortúnio compartilhado. Naquele dia nada precisou ser dito.
E me lembrei de muitas outras coisas, que agora só nos resta contar, pois a fonte secou. Para que assim os mais novos saibam que houve um piloto que escreveu seu nome na história do vôo a vela nacional, ganhando campeonatos, quebrando records, mostrando que o impossível talvez seja possível, ou, talvez mais importante do que tudo isso, simplesmente sendo um camarada gente boa.
Por Henrique Navarro
=======================================================================
=======================================================================
![]() |
| Wolfi e Gabler Cumulus |
Naquela época o campeonato era realizado em 15 dias e no mês de fevereiro, em Bauru, chovia muito. O Wolfi estava participando com o Planador Cúmulos, tipo um Grunau Baby com o cone de cauda mais fino e planeio bem abaixo de 1.20 (20:1). Naquela época a antiga Cassse B era muito forte. Em torno de 30 competidores ou mais, pois existiam poucos planadores de alto rendimento. Por isso tinha muito veterano, com muita experiência, na classe B. Tinha somente três Quero-Quero (KW-1) participando. Eu com o nosso ZPR; o Gabler, pai do Wolfi e outro de Jundiaí, não lembro o nome do piloto. Os demais planadores eram Spacey, Olímpias, Grunaus Baby, Fofoquinha e Periquito. O Quero-Quero era, na época, a super-máquina da B. Eu estava no meu primeiro campeonato e o mais experiente era o pai do Wolfi. E não teve para ninguém. O WOLFI venceu o Campeonato na B, voando aquele planador com planeio de asa delta. Na maioria das provas ocorreram muitos pousos fora em função das chuvas e o Wolfi completava todas. Eu acho que foi na penúltima ou na última prova. O tempo estava estourado e os planadores melhores completaram a prova com ótimas medias. O Wolfi estava chegando com o Cúmulos em Bauru sofrendo, no finalzinho da tarde, com quase duas horas a mais que os melhores do dia. A sua classificação não seria boa, mas ele queria ganhar o campeonato como aconteceu. Eu e o pai do Wolfi já havíamos completado a prova há muito tempo e estávamos na torre do Aeroporto de Bauru quando vem o Wolfi rodando há poucos quilômetros do aeroporto e iniciou o planeio final. Aí a velha raposa, o pai Gabler pegou o rádio e falou para o Wolfi pousar fora. E ele mergulhou e pousou num arado a mais ou menos 2 quilômetros do campo. Com isso ele ganhou a prova, pelo handcap da época. Se ele chegasse ao campo ia contar velocidade e perderia para os demais, mas com o pouso fora praticamente com todos os quilômetros completados foi favorecido.
Só tenho elogios ao Wolfi e ao seu pai Gabler. Aprendi muito com eles e voamos muitas vezes juntos. Eles tinham o vôo a vela no sangue. Infelizmente ninguém é eterno aqui na terra. Enfim… é a vida.
Por EDUARDO – BALSA NOVA
=========================================================================
=========================================================================
Na manhã da oitava prova do 23° campeonato brasileiro (Bauru/fev 1981) o ar estava mais seco com promessa de bases mais altas. Muitos dos 16 pilotos que estavam voando na classe B (equivalente a atual classe A) cultivavam a idéia de tentar uma prova com mais de 300 Km. Os relatos de campeonatos mais antigos, onde foram realizados vôos de longa distância com Olympias, BN-1 e Kranich nos estimulavam a repetir a façanha com nossos Quero-Queros de desempenho semelhante. Não foi preciso muito esforço para convencer o Wolfi que, além de piloto competidor também era responsável pela comissão de provas da classe B. Consultamos o Vilela, nosso competente meteorologista, que de início se mostrou reticente, mas acabou concordando que havia alguma chance de sucesso. Obtida a benção do Vilela definimos a prova. Desde o treinamento o setor sudoeste, na direção de Lençóis Paulista se mantinha funcionando até mais tarde. Naturalmente a última perna teria que chegar de lá para aproveitarmos o dia ao máximo. Acabamos escolhendo um triangulo espichado de 330 Km, Bauru-Lins-São Manoel-Bauru que nos manteria no conhecido “caminho da roça”, o eixo da Marechal Rondon.
Para termos alguma chance de sucesso tínhamos que decolar o mais cedo possível, mas aí havia um problema. Na época os planadores da antiga classe A sempre decolavam primeiro. Tivemos que negociar no briefing. No princípio a maioria do pilotos da classe A não levou muito a sério a nossa proposta mas, depois de algumas gozações e piadas, acabaram topando inverter a ordem de decolagem.
Nesse dia a classe A marcou uma prova com 253 Km. Pela primeira vez, inferior à da classe B. Para se ter uma noção de como estávamos otimistas naquele dia, basta dizer que, nas sete provas anteriores marcadas pela classe A no campeonato, apenas uma superou os 300 Km (320 Km) e apenas cinco pilotos entre os dezessete participantes completaram.
Findo o briefing foi uma correria entre os pilotos da B para decolar o mais cedo possível. Entre os preparativos precisávamos emprestar barógrafos para validar os eventuais Diamantes e C de Ouro. Nem sonhávamos ainda com GPS e registradores de vôo nessa época.
Na decolagem uma sensação ambígua, a mistura da euforia da realização de um vôo memorável, com aquele gosto de missão suicida, onde possivelmente nenhum piloto viria a completar a prova. Tão logo a faixa abriu dei a largada, exatamente as 11:50, bem mais tarde do que o estimado para nos dar uma chance de sucesso. Procurei não pensar muito nisso e me esforcei para voar o mais rápido possível e desfrutar o vôo. No início as bases não ultrapassavam 1100 m de altura com térmicas entre 2 e 3 m/s. Chegando em Lins a 100 Km de distância em pouco menos de duas horas, a média estava baixa, apenas 55 Km/h. Para piorar, entre Lins e Pirajuí fiquei baixo duas vezes derrubando mais ainda a média. As 15:30 estava no través de Bauru e as bases já alcançavam 1500 m tornando o vôo mais fácil. A média permanecia nos 55 km/h de maneira que a minha expectativa era terminar o vôo próximo do último ponto de virada em São Manoel ou quem sabe em Lençóis Paulista.
![]() |
| Wolfi no kw1 + Sidão em Palmeira das Missões |




Foi meu primeiro amigo, quando nos mudamos para Palmeiras das Missões no ano de 1971vindos de Curitiba onde meu pai foi exercer o cargo de Delegado de Serviço Militar.
ResponderExcluirNossos primeiros laços se deram por um interesse comum, de gostar muito de pescar.
Logo me mostrou sua principal paixão que era voar.
Comecei a ir com ele acompanhar o duro trabalho de preparar a aeronave Cumulus para os voos a vela, que ele orgulhasemente dizia que foi montado na garagem de sua casa. Havia uma outra aeronave chamada de kokaburra ou algo parecido que a memória não permite lembrar com detalhes. Tenho lembranças das boas travessuras que fizemos. Um grande e saudoso amigo,guardo com saudades fotos de nossos 16 anos